N.R.: Usando o "Termo" atribuído pelo IBGE e CODEPLAN e repudiado pelos moradores do Setor Habitacional Sol Nascente de "Maior Favela da América Latina", a jornalista Lucy Jordan, dá a Diplomacypost News, a sua visão sobre as dificuldades em que vivem e convivem os moradores do Setor Habitacional Sol Nascente e traça um paralelo com a Copa do Mundo do Brasil. Alguns dados mencionados na matéria e apurados, por amostragem, pelo IBGE e adotados pela CODEPLAN, são questionáveis, principalmente ao que se refere a número de habitantes.
A página da publicação Diplomacy Post, bem como o texto original em inglês pode ser acessada no link:
Maior favela da América Latina em conflito.
26 de junho de 2014 diplomacypost News
Por Lucy Jordan
SOL NASCENTE, Brasil (AA) - Buracos de um metro de profundidade e um metro de largura; crianças e cães vasculhando pilhas de lixo, lado a lado e, alem de tudo, um cheiro persistente de esgoto no ar.
Esta não é a Brasília que os turistas da Copa do Mundo temos visto ao longo das últimas duas semanas, à medida que migram para um estádio de futebol de $ 900.000.000 e arquitetura modernista de Oscar Niemeyer, cidade planejada, os seus edifícios reverenciados pelos arquitetos em todos os lugares pelas suas curvas de concreto elegante.
As Favelas do Rio de Janeiro podem ser mais conhecidas e famosas pela exposição em filmes como Cidade de Deus, e com vista para alguns dos bairros mais elegantes da cidade. Mas a indesejada honra de abrigar a maior favela da América Latina, pertence à capital, meticulosamente planejada, do Brasil.
Sol Nascente e o Pôr do sol, estão muito próximas e cobrem uma grande e empoeirada área de cerca de 16.000 metros quadrados, a apenas 30 kilometros dos reluzentes edifícios modernos de Brasília.
Uma pesquisa recente da CODEPLAN- Companhia de Planejamento do Distrito Federal, mostrou Que a favela possui 78.912 habitantes, colocando-a à frente da famosa Rocinha do Rio de Janeiro, com 69.161 moradores.
Apesar de sua grande população, a comunidade não tem rede de esgoto, coleta de lixo inadequada e poucas vias pavimentadas. Durante os períodos de chuva, toda a favela está em risco de inundações e deslizamentos de terra.
"Sol Nascente é um bairro totalmente esquecido pelo governo", diz o morador Nildo Rodrigues da Silva, de 39 anos, um motorista de carga inflamável. "Brasília tem feito todos esses anúncios para a Copa do Mundo, mostrando o lago, e o Plano Piloto, mas as cidades satélites são Brasília também."
Em uma recente visita a um bar mostrando jogos da Copa do Mundo, Rodrigues da Silva e seus amigos negaram que os moradores de Sol Nascente seriam capazes de pagar um ingresso para jogos da copa, ou que os turistas visitem o Sol Nascente.
"Eles nunca iriam mostrar isso para os estrangeiros", Rodrigues da Silva acrescentou, "Mas a realidade do Brasil, na verdade, é o Sol Nascente".
A cidade de Brasília, em forma de avião, foi construída em quatro anos nas planícies do Cerrado, projetada pelo urbanista Lúcio Costa e o arquiteto Oscar Niemeyer. Ambos os socialistas, projetaram originalmente a cidade para que as pessoas de diferentes níveis de renda vivessem lado a lado, nos mesmos blocos de apartamentos que escondiam as riquezas ou estados sociais.
Mas o espaço limitado dentro da cidade, empurrou para cima os preços e as invasões rapidamente surgiram fora do Plano Piloto, para abrigar os milhares de trabalhadores migrantes do nordeste do país, que tinha vindo para construir a cidade.
As invasões mais antigas foram regularizadas, originando várias cidades satélites, mas como a cidade continuava a crescer com os migrantes, cidades satélites continuaram a aparecer. Na periferia de uma das cidades mais caras do Brasil, o salário médio mensal no Sol Nascente é apenas 450 Real brasileiro (EUA $ 204).
A rua principal, do trecho 03, o Sol Nascente é dividido em 03 trechos, parcialmente pavimentada, corta o Setor. Sua faixa mediana é empilhado com lixo e buracos tão largos como um carro pequeno o que torna a condução uma aventura. Em ambos os lados, estradas de terra com esgoto à céu aberto.
"Precisamos desesperadamente de sistemas de esgoto adequados e estradas pavimentadas, e o governo prometeu durante as últimas eleições, mas são apenas promessas, nunca acontece nada", disse Rodrigues da Silva. "É uma vergonha. No Brasil, as periferias estão sempre esquecidas. "
Uma pesquisa feita por Codeplan mostra que o Setor Habitacional tem a pior infraestrutura e acesso a serviços na região. Apenas 6 por cento dos domicílios estão conectados a uma rede de esgoto, mais da metade não têm qualquer coleta de lixo, a grande maioria das vias da comunidade não são pavimentadas.
Organizador comunitário Carlos Botani diz que um projeto de 8,7 milhões Reais brasileiro, para fornecer um sistema de esgoto para 14 mil famílias, encontra-se parado há mais de dois anos.
"Cansado de esperar, os moradores fizeram conexões, não autorizadas, nas rede de esgoto inacabada", disse ele. Botani diz que o governo inutilizou, o pouco que havia sido feito, ao tentar nivelar as ruas, e que o, abandonado, sistema de esgotamento sanitário, danificado, derrama resíduos nas ruas em frente as residências, desde então.
Em uma recente visita à favela, verificamos bandeiras amarelas e verdes, enfeitando as ruas de terra para comemorar a Copa do Mundo. Um bar local havia sido pintado em listras festivas, e muitos na rua estavam vestindo camisa amarela do Brasil. Mas nem todos os moradores estavam animados para assistir as partidas.
"Eu não estou assistindo a Copa do Mundo", disse Marcos Santos, 19 anos, que trabalha em um Lan house no Sol Nascente. "Temos montanhas de lixo se acumulando ao lado da escola, de esgoto na rua, e estão gastando 15 bilhões com a Copa. Isso me deixa indignado."
aa.com.tr/en
Tradução: blog SolNacenteHoje/Google
solnascentehoje.blogspot.com