quarta-feira, 8 de maio de 2013

Distrito Federal está a um passo de ter a maior favela da América Latina.


O crescimento desordenado faz do Condomínio Sol Nascente, em Ceilândia, o lar de 61 mil pessoas, segundo dados oficiais. Mas hoje podem ultrapassar 100 mil, o que deixaria a região como a mais populosa comunidade carente da América Latina.


A diarista Paula Alves Ferreira, 42 anos, aponta para o fim da rua esburacada, no Trecho 1 do Condomínio Sol Nascente, em Ceilândia. Mostra que a região ocupada por barracos e biroscas há 12 anos não passava de um enorme cerrado. No período, ela viu casas se multiplicarem. Com a chegada de tantos moradores, os problemas não demoraram a aparecer. As terras da chácara de Paula, antes férteis, pararam de dar frutas e verduras devido à contaminação do solo. O lugar, tranquilo, tornou-se palco de crimes de toda ordem. Em pouco mais de uma década, a zona rural escolhida pela trabalhadora para viver com a família se transformou na segunda maior favela da América Latina, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só fica atrás da Rocinha, no Rio de Janeiro.

Vista geral do Sol Nascente : após três décadas de ocupação irregular e da ação de grileiros, a antiga área rural sofre com a falta de infraestrutura.

Três décadas atrás, os primeiros chacareiros chegaram à região. Em 1999, grileiros começaram a atuar no local, ainda no governo Joaquim Roriz, mas a migração em massa teve início no terceiro mandato de Joaquim Roriz, em 2004. Com 61 mil moradores e crescimento populacional desordenado, o Sol Nascente caminha para ocupar o topo do ranking de maior comunidade pobre do país — incrustada em um morro, a comunidade carioca da Rocinha praticamente não tem mais espaço físico para se expandir. Lideranças comunitárias garantem que, hoje, são pelo menos 100 mil pessoas na região do DF — o GDF não reconhece o número.

Levantamento retrata a precária infraestrutura no Condomínio Sol Nascente
Falta pavimentação, não há redes de esgoto e de águas pluviais e a maioria do abastecimento de energia elétrica é feita por gambiarras


 (Estudo encomendado pela Sedhab)


Montanhas de lixo pelas ruas, esgoto a céu aberto e gambiarras por todos os lados compõem a paisagem do Condomínio Sol Nascente, em Ceilândia. Sem serviços públicos eficientes, o dia a dia dos 61 mil habitantes se torna ainda mais difícil. A desorganização dos endereços dificulta a entrega de correspondências. Atualmente, os Correios só conseguem cobrir 13% dos domicílios, e 87% dos habitantes são obrigados a buscar as correspondências e as contas em associações de moradores.


Montanhas de lixo pelas ruas, esgoto a céu aberto e gambiarras por todos os lados compõem a paisagem do Condomínio Sol Nascente, em Ceilândia (Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press)
Montanhas de lixo pelas ruas, esgoto a céu aberto e gambiarras por todos os lados compõem a paisagem do Condomínio Sol Nascente, em Ceilândia.


O estudo encomendado pela Secretaria de Habitação, Regularização e Desenvolvimento Urbano (Sedhab) dá uma dimensão dos obstáculos na favela (veja gráficos). Os moradores responsabilizam o sistema de coleta pela sujeira generalizada. O governo rebate e destaca a necessidade de a comunidade colaborar, não despejando resíduos em pontos inapropriados. O fato é que apenas 33% das casas contam com coleta regular e, mesmo assim, os caminhões do Serviço de Limpeza Urbano (SLU) não passam na porta. Ou seja, os moradores precisam percorrer alguns metros para garantir que o lixo seja levado.


Leia mais amanhã no
Correio Braziliense.

Fonte: Correio Braziliense - Caderno Cidades
Blog solanscentehoje

solnascentehoje.blogspot.com

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