terça-feira, 28 de maio de 2013

NÓS PAGAMOS E FICAMOS COM QUASE NADA, PODE?

Mané Garrincha: o jogo, agora, é o do empurra-empurra.



Quanto mais se busca explicações de como se deu a transação envolvendo a renda recorde de R$ 6,9 milhões do jogo entre Santos e Flamengo, no último domingo, no novo estádio Mané Garrincha, menos se sabe. Santos, Secopa, Aoxi e a Federação Brasiliense de Futebol (FBF) insistem em fugir ao dar maiores informações. 
O que se sabe, até agora, é que o Santos ficou com R$ 800 mil pelo mando de campo, a Federação Paulista de Futebol com R$ 200 mil, a Federação Brasiliense com cerca de R$ 345 mil, o GDF com R$ 4 mil (equivalente a 25 ingressos de R$ 160) - pelo aluguel da arena - e a maior parte da renda total, de R$ 6,9 milhões, foi para a Aoxy, uma das empresas ligadas a Wagner Abrahão, homem forte do setor de turismo, envolvido em diversos escândalos com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
O que chama a atenção é que a Aoxy, de propriedade de Tuca Belotti, é uma empresa que tem apenas um ano de fundação e tem capital social de apenas R$ 100 mil. Em recente entrevista para o jornal esportivo Lance, Belotti negou que tenha comprado o jogo, disse que estaria prestando serviços para o Santos, com contrato com a Federação Brasiliense, a quem foi apresentado pela CBF. 

Despesas

Porém, em e-mail enviado ao Jornal de Brasília, o Santos afirma que “o clube foi procurado pela empresa (Aoxy) com a proposta há cerca de dois meses. Entendeu a proposta como adequada e aceitou a proposta”. Diz ainda que não teve participação na renda e que todas as despesas do time em logística com hotel, translado, passagens teriam sido pagas pela Aoxy.
Procurada pela reportagem, a FBF mais uma vez não deu explicações. Mas um consultor da entidade explicou que a federação ficou com 5% da renda (cerca de R$ 345 mil) e teria assumido todas as despesas com segurança. Porém, esse mesmo consultor disse que a contratação de 1,6 mil seguranças ainda seria negociada com a Aoxy. 
Já a Secretaria Extraordinária da Copa informa que a responsabilidade pelo jogo é da CBF e a arrecadação com a venda dos ingressos ficou com o Santos, dono do mando de campo. Ressaltou, ainda, que os demais custos passagens, hospedagem, etc foram de responsabilidade da CBF. E que a FBF pagou pela segurança do estádio, instalação dos detectores de metal e limpeza.

Divisão

A partida entre Santos e Flamengo foi vendida por R$ 1 milhão. O lucro total do jogo foi de R$ 6,9 milhões. Embora recorde, a renda terá apenas uma fração destinada aos cofres do mandante. Enquanto R$ 800 mil são a cota do Santos, outros R$ 200 mil vão para a Federação Paulista de Futebol, e todo o restante fica na conta da empresa Aoxy, o retorno para o GDF do dinheiro investido no estádio continua apenas na especulação. 

Deputadas querem explicações

Muitas coisas são nebulosas em relação o Estádio Nacional. A opinião é da deputada Celina Leão (PSD), que ontem encaminhou requerimento de informações sobre o destino da verba arrecadada no jogo ao GDF e ao Ministério Público. “A população está se questionando. Fui pessoalmente ver como está a arena e, na verdade, nem está totalmente pronta. É uma obra cara que levanta a dúvida se traz benefícios aos moradores. Mais que isso, foi feita para Brasília? Não parece”, comentou. 
A expectativa é de que os esclarecimentos sejam feitos à deputada o quanto antes, já que até agora o GDF apenas tentou se esquivar do assunto. “Além de transparência, falta gestão da obra. Uma obra bilionária, cujo objetivo era devolver, com seus eventos, o dinheiro investido aos cofres públicos. Mas, ao contrário disso, o primeiro grande jogo mostrou que não teremos retorno da verba”, disse.

Da Redação Jornal de Brasília 28/05/2013
redacao@jornaldebrasilia.com.br

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