Parque Ecológico de Ceilândia sairá do papel em 90 dias
A definição da poligonal do Parque Ecológico de Ceilândia, que começou a ser discutido durante a criação do Plano Diretor Local de Ceilândia finalmente sairá. A garantia da demarcação da área ambiental, localizada dentro da Área de Relevante Interesse Ecológico JK (Polo JK), saiu de uma audiência pública realizada pelo deputado Chico Vigilante (PT), na tarde de ontem (26), no auditório da Escola Técnica Federal, na QNN 14, Guariroba. O presidente do Ibram, Nilton Reis, previu um prazo de 90 dias para criar a área no papel, discutir com a Sedhab e a Terracap a melhor definição e marcar a data do início das obras.
Juntamente com a Secretaria de Meio Ambiente, o Ibram trabalhará para atender uma das mais antigas demandas da comunidade de Ceilândia, que apareceu em massa para debater o assunto proposto pelo líder do Bloco PT/PRB, que também é morador da cidade há mais de 30 anos. Lideranças comunitárias, agentes sociais, os estudantes do Centro de Ensino Fundamental no. 28, do Sol Nascente, junto com a diretora do CEF, Glaucie dos Santos e o vice-diretor, além de moradores, representantes de associações, Ong’s e de autoridades do governo lotaram o auditório da Escola Técnica para debater a criação do Parque Ecológico de Ceilândia.
O deputado Chico Vigilante sugeriu a criação de um grupo de trabalho formado pelo Ibram, Secretaria de Meio Ambiente, Sedhab, Administração Regional, o seu gabinete representando a CLDF, um representante da Associação Comercial da Ceilândia (ACIC), três integrantes do Movimento Amigos do Parque, um do Conselho de Desenvolvimento Sustentável, um líder comunitário do Pôr do Sol, um da Guariroba e o prefeito comunitário do P-Sul, Washington Pereira, para juntos discutirem a criação do Parque.
O parlamentar também recomendou que o Ibram e a Administração Regional agendasse uma audiência com o presidente da Terracap, Antônio Lins, e a Diretoria Técnica da imobiliária do governo, a fim de juntos, dentro do sistema de mapeamento de imóveis da Terracap, o grupo possa traçar a poligonal. Chico reforçará o pedido de audiência já que a Terracap é a dona das terras públicas do DF.
Delmo Rodrigues, coordenador de Uso Sustentável e Biodiversidade do Ibram, explicou que são duas categorias de unidades de conservação: Área de Relevante Interesse Ecológico JK e a poligonal do Parque Metropolitano de Ceilândia, que está dentro do Polo JK.
O projeto de lei que cria a poligonal do Polo JK, que abriga cerca de 80% dos moradores do Pôr do Sol, já está sendo analisado pelo GDF e em breve será encaminhado à Câmara Legislativa. A poligonal do Arie JK foi ampliada de forma que nenhum morador do Setor seja prejudicado. Já a poligonal que cria o Parque Ecológico será discutida e criada a partir de agora. De acordo com Nilton Reis, a poligonal do Parque será criada por meio de Decreto do governador Agnelo Queiroz, não precisará passar pela CLDF.
Chico Vigilante observou que convidará o governador para assinar o Decreto dentro do parque, juntamente com a população. “Este é um movimento da cidade. Eu como morador trago a CLDF para dentro dele. Vamos unir o poder público e sociedade civil para traçar um único objetivo, neste caso, criar o parque ecológico da Ceilândia”, disse Chico.
Investimentos por meio de compensação ambiental
Uma vez definida a poligonal por meio de Decreto do governador, o Parque poderá ser implementado. Para isso será necessário correr atrás de recursos financeiros, que virão de compensação ambiental, que é feita quando um empreendimento é edificado em área próxima de parques ou equivalentes com aumento de gabarito da área. Segundo Reis, “isso não é uma invenção da cabeça deste governo é previsto em lei. A diferença é que está sendo cobrada, de fato, neste governo”, disse. E citou o Gama e Samambaia como exemplos de regiões onde a compensação ambiental está sendo usada para criação de área de proteção ambiental.
Chico Vigilante agendou uma nova audiência pública para o dia 09 de agosto, que cairá numa sexta-feira, no mesmo local e no mesmo horário. O intuito, nessa segunda audiência, exatamente 90 dias depois da de hoje, é já marcar o início das obras de implementação do Parque Ecológico.
Os integrantes da mesa cada um falou durante 10 minutos sobre sua experiência com o foco na criação do Parque Ecológico. O deputado também franqueou a palavra para que a comunidade, como é comum e deve ser estimulado numa audiência pública, pudesse falar. Cada um expôs os seus pontos de vista por cerca de cinco minutos.
Dúvidas sobre vários assuntos relacionados foram sanadas, desde a importância de se definir uma área de preservação e criar a poligonal para evitar que ela seja danificada e tomada por invasores até a forma como a compensação ambiental pode ser revestida em recurso para ser aplicado na criação de um parque ecológico.
Um sonho que se torna realidade
O presidente do Ibram explicou que o DF abriga 72 parques, mas apenas três existiam de fato e de direito. Neste governo, o verde está sendo cuidado com o carinho que deve ter, segundo ele, quando 30 parques estão em processo de criação. “É o nosso dever como poder público, mas também estamos fazendo o que outros não fizeram”, disse.
Para garantir a segurança dos visitantes, a Polícia Ambiental vai entrar no Parque tão logo ele seja implantado, garantiu Nilton Reis.
O administrador regional de Ceilândia, Ari de Almeida, destacou que o governo destinou 117 obras para a Ceilândia, no pacote lançado ontem . Ele aproveitou a oportunidade para pedir a criação também dos parques do P-Norte, do Setor O e do Descoberto.
A representante do Movimento Amigos do Parque, Ivonete dos Santos, especialista em Educação e Meio Ambiente, disse que a criação do Parque Ecológico já é uma realidade. “Eu costumo repetir que um sonho que se sonha só é apenas um sonho, mas um sonhos que se sonha junto vira realidade. Desistir jamais. Retroceder jamais”, disse ela, e observou que os integrantes do Movimento sempre foram incansáveis nessa luta. “E agora temos esta certeza, mais do que nunca o Parque é uma realidade”.
Para o estudante, Alexandre de Souza, 14 anos, a audiência foi uma grande aula meio ambiente e a criação de um parque na Ceilândia é uma necessidade, já que a cidade, a maior do DF não tem nenhum. “Dizem por aí que somos o futuro do mundo, se a gente aprender sobre ecologia desde agora, aprenderemos a nos portar cada vez mais com respeito pelo meio ambiente”, alertou.
Acessibilidade e futuros gestores
Ângelo Márcio, que é cadeirante, falou sobre a importância de se criar um Parque com acessibilidade na sua universalidade para possibilitar que cadeirantes, portadores de outras deficiências e idosos possam usufruir do seu parque, que deverá ser aberto ao usufruto e zelo de todos os moradores e visitantes de Ceilândia, sem limitações.
Clemilton Saraiva, presidente da ACIC, ressaltou que a Ceilândia sendo a maior cidade do DF, com 600 mil habitantes, urge pela criação do seu Parque Ecológico. “Este Parque já nasceu. O campus da Universidade de Brasília e a sede da Escola Técnica (em obras) – uma conquista do deputado Chico Vigilante para Ceilândia -, está às margens do Parque, onde serão capacitados os futuros gestores que trabalharão na preservação do Parque”, disse.
Participaram da audiência pública, além do deputado Chico Vigilante, que presidiu os trabalhos, o presidente do Ibram, Nilton Reis, o coordenador de Uso Sustentável e Biodiversidade, Dalmo Rodrigues, Administrador Regional, Ari de Almeida, presidente da ACIC, Clemilton Saraiva, representando a Codhab, Manoel Furtado, da Sedhab, Luciano Oliveira, a deputada federal, Érika Kokay, presidente da ONG Centro Antidrogas e Pedofilia, Ângelo Márcio e Alexandre de Souza, representando os estudantes presentes.
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