sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Aula inspiradora:

Professora dá reforço escolar para crianças no Sol Nascente, em Ceilândia.

A professora Margarida Minervina e outros voluntários de projeto no condomínio Sol Nascente fazem meninos e meninas da cidade que tinham dificuldade no colégio tomarem gosto pelo estudo. Já existem até ex-estudantes que agora ensinam.
A piauiense Margarida no local onde mora e dá as aulas: "O Sol Nascente não é só lugar de bandido, não. Já pegamos crianças que não existiam para a sociedade, que eram marginalizadas, e mostramos que eram capazes
A menina que atravessava um rio no município piauiense São Julião do Piauí para chegar à escola, há quase 30 anos, hoje dissemina conhecimento em uma das comunidades mais carentes do Distrito Federal. É no Condomínio Sol Nascente, em Ceilândia, que Margarida Minervina da Silva, 41 anos, acolhe cerca de 100 crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos. Sob a supervisão de pedagogos, dá aulas de reforço para o grupo usando o método Paulo Freire na própria casa. Outras centenas de jovens fizeram parte da luta diária da nordestina, que teve início há oito anos.
Esses meninos e meninas vinham de resultados insatisfatórios no colégio, mas começaram a apresentar bons rendimentos escolares. As notas deixaram de ser canetadas em vermelho, assim como o comportamento deles — dentro e fora das salas de aula. Alguns chegaram a ser alfabetizados com um “empurrãozinho” de Margarida. A piauiense não tem formação superior, mas fez o magistério, antiga formação para professores. O projeto é apenas um da série de atividades da Associação Despertar, entidade sem fins lucrativos que sobrevive praticamente de doações.
Os alunos não deixam de elogiar a dedicação e a exigência da professora Margarida
É em uma casa emprestada — a mesma onde Margarida mora há cinco anos —, na Chácara 5 do Condomínio Gêneses. Lá, três vezes por semana, alunos de instituições públicas de ensino da vizinhança ocupam as cadeiras no quintal do imóvel simples após as aulas no colégio. Aliás, nem mesmo a má condição de parte das carteiras doadas à associação é obstáculo para a criançada seguir em frente. Faltar, de jeito nenhum. A regra é ter disciplina máxima, e ai de quem desrespeitar a norma do local. “Eu sou perfeccionista e exigente. Ou aprende ou aprende”, brinca Margarida. A rigidez da voluntária poderia ser motivo de distanciamento entre ela e os estudantes, mas não. “O que eu mais gosto daqui é da Margarida, porque ela me ensina”, assume o Geovani dos Santos Rocha, 9 anos. Além de usar a casa como palco das aulas, ela e os demais voluntários tiram as dúvidas dos alunos matriculados no projeto, à noite, na Escola Classe 66 de Ceilândia.

Thalita Lins - Correio Braziliense

solnascentehoje.blogspot.com

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